Em terra de Dolabella, Sarney é rei

Se você não é um desempregado, provavelmente sabe como funciona um processo de seleção para uma empresa. Recentemente eu participei de um pra uma das boas. Análise de currículo, testes on line de matemática, lógica e língua portuguesa, dinâmica em grupo, entrevista em inglês, dia de treinamento e por fim uma apresentação aos sócios sobre um tema pré-determinado. Ufa! De milhares, chegamos a algumas dezenas, os escolhidos, os aprovados, que claro, fazem por merecer.

Em outros setores, no entanto, não é preciso se esforçar tanto. Um sorrisinho bonito pode lhe render uma bolada em dinheiro, e um discurso rebuscado somado a alianças podres pode te levar ao poder. Acho que os cabeças desses processos seletivos não estão sendo tão criteriosos, não é? Mas, peraí... os cabeças somos nós!!

Num país que elege Dado Dolabella para ganhar 1 milhão de reais e eleva o Cine (aquela molecadinha brincando de músicos) à banda mais tocada nas rádios brasileiras (prêmio revelação no Multishow - acho que eu deveria respeitá-los), não gera estranhamento viver pra ver Collor voltar pra Brasília depois de tudo o que aconteceu, ver o clã Sarney dominando geral há décadas e ver aquele bando de engravatados que nem sabe o que está fazendo na câmara, como o CQC agora faz o favor de mostrar. Não que a gente não soubesse...

Ano que vem, na hora de votar, bota pelo menos o nome do candidato no Google, faça uma análise, considere outras opções, vá eliminando os currículos. Nunca segui essa regra não, mas ano que vem vai ser diferente, quero assistir aos próximos escândalos com a consciência tranqüila: eu fiz a minha parte. Clichezinho né? A mudança começa assim mesmo. Sempre sonhei ser um cara politizado. Mas ao mesmo tempo sempre achei política um saco. Talvez meu erro esteja aí. Não dá pra tratar a política como um reality show.

Escrito por: Dudu Madella
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